HORAS DE MATAR
hoje sinto-me resmungão como tudo
mesmo a ressaca da cidade me faz impressão
pequenas brigas eclodem por todo o lado
deixando perceber que o mal-estar é geral
os pêlos eriçados como navalhas
também pelo meu relógio
são horas de matar
la la la la la la la la la la la la la la la la la la la la la
o clamor começa a multiplicar-se
com a multidão selvagem
a formar um corpo furioso
uma máquina demente
sedenta de sangue
já a polícia é despejada aos magotes pelas ruas
mas não há aparato repressivo que sustenha
a ira das massas embriagadas pelo desespero
ultrapassado o limite do ultraje
toda a violência é legítima autodefesa
também pelo meu relógio
são horas de matar
la la la la la la la la la la la la la la la la la la la la la
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